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Fotografia por Pedro Santos |
Prazer, eu sou o Medo. Eu te persigo dia e
noite. Pelas ruas, pelos corredores, de bicicleta e a pé... Entro no mesmo
ônibus que você, decorei a placa do seu carro. Como é que você quase nunca me vê? Eu sei que sente
minha presença, tem até calafrios, mas você quase nunca me vê... São raros os
momentos em que me encara, apreensivo,
falido de coragem. Talvez eu seja sempre meio obscuro, não é? Não posso manter
essa afirmação como certeza, sabendo tenho o dúbio como a minha principal arma.
Mas como que você quase nunca me vê? Acho que essa sempre foi uma das minhas
maiores frustrações.
Olha pra mim... OLHA PRA MIM! Agora, me vê? Sim,
eu sou o Medo. Não me acho feio como você me pinta. Passo o dia de terno,
trabalhando. Todo mundo precisa de um pouco de mim, você sabe, né? Por isso
trabalho sempre, toda hora. Mas não tem problema, eu gosto. Gosto de ver a carinha assustada de cada um, observar os
passos temerosos que são dados pelas pessoas. Um. De. Cada. Vez. Eu estou por
cima, meu caro, entende? Você entende agora o porquê de nunca se livrar de mim?
Eu estou POR CIMA!
Não desvie seus olhos de merda! Não era o que
você queria? Encarar-me de frente? Pois aqui estou, sou teu Medo, o Medo de
todo mundo. De vez em quando tem essa coisinha chata de aparecer pra alguém
como eu mesmo. HAHAHA Não, não... Não quero te derrotar, meu trabalho é só
fazer você sentir. Ah, mesmo? Não sabe o que fazer? Ninguém encara o Medo de
verdade, meu amigo, ninguém. Vocês,
humanos, têm mania de quererem ser superiores a tudo e qualquer coisa. Quem
manda em vocês somos nós! Não, não é um sonho. O que você quer fazer? Você quis
me encarar, agora trabalhe na superação, estou esperando.
ISSO! Supere-me! Quero ver. Não vou nem lutar
dessa vez, só minha presença já te apavora mesmo. Não? Suas mãos tremem, seu
suor corre frio pela testa. Eu produzo
isso. São as consequências de me ter tão perto. Estou tão perto que te sinto fraquejar, seus dentes estão
batendo e não é frio... Esse ranger deles também não é raiva. Isso é o pavor. Eu não sabia, mas te possuo por inteiro, não é? Você é
meu bonequinho. Minha marionete. Pernas trêmulas, hahaha. Mas que
bobagem estar aqui, você mesmo já é uma prova viva de que eu sou insuperável.
Terminou? É só
isso? Não preciso de mãos, não preciso nem te ver. A porta está trancada, a chave está comigo, e
você não vai pular a janela do quinto
andar. Você é meu, até mesmo quando
acha que tudo acabou, você é meu.
Mas não chore, não é o fim do mundo! Aprenda a acolher-me como fez com a
loucura. Que tal? HAHAHAHAHAHAHA, patético! Vocês humanos são todos patéticos! Diga-me quando você se
acabar... Tenho toda a eternidade, sim, mas ela não pode ser gasta com você. É, o Medo te controla.
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