Vim escrever com palavras soltas, porque os
floreios encantam-me apenas em inspirações. Estive lendo pouco, bem pouco
mesmo... Não por falta de tempo, mas por falta de vontade. Já sentiu-se pesado
a ponto de não querer fazer nada mais que dormir e, quem sabe, escrever duas ou
três frases num papel que logo será jogado fora a la parnasianismo? Pois que os
textos sejam leves, que de pesada já basta eu!
Flores de laranjeira nunca me agradaram
Não senhor, isso é lenda
O que me agrada mesmo, Amarantes
É o seu sorriso molenga
Decaíram tenebrosamente! Poemas de brincadeira,
traço vários... Já fiz uns dez versos para dizer que gosto de ser da rua, mas
de um jeito tão descontraído que parece piada a qualquer um. Venha-me leveza,
aquece-me que não aguento mais o pouco caso com minha poesia!
Decassílabo por decassílabo
Prefiro a trissilábica
De amores.
Isso, leveza, preencha-me! Que já não sorrio
sem fazer o meu poema diário... O que me falta é apenas aquele pouquinho. Sabe,
não sabe? O pouquinho da sutileza que não está me convindo agora. Qual era o
tal passado obscuro que disse um dia: “falta-lhe paixão pela escrita”?
Falta-lhe vergonha na cara! Aliás, levando em conta o ensaio sobre a leveza, cara
não. Cara quem tem é bicho, já dizia papai. Falta-lhe vergonha na face de
boneca, pois já é mulher quase formada.
O batonzinho rosado
No lábio do seu filho
Não eras tu
Que queria una hija?
Jogo-me cabisbaixa, portanto. Fazer poemas
sobre personagens futuras ou passadas não me mantém! Sou mais, fui mais! Dizem
que o certo é escrever bêbado e revisar sóbrio. O que não me falta é minha alma
embebida em dolores! Ou mesmo colores... O belíssimo rojo, por exemplo, não me
falta em nada. Estou embebida, bêbada em rojo! O que me desmerece é minha
sobriedade corporal? Ora, pois...
Detalho-te em lápis
O sorriso borrado em grafite
Essa arte pela arte
Simplesmente inexiste...
Que eu continue a aprender na leveza da vida.
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