Talvez esteja na hora de escrever
sobre aquilo que me acontece. E eu falo aquilo porque não gosto de trazer o
assunto para muito perto de mim... Não é isso, muito menos isto. É aquilo.
Aquela sensação-buraco que me esvazia o estômago e não consigo preencher nem
com séries de comédia e pipoca amanteigada. Talvez esteja na hora de abrir os
olhos para aquela sensação-buraco.
I
Os pensamentos atrapalham
bastante, e os sentimentos vêm com tudo num tornado de tormentos tenebrosos. E
eu? Eu pareço estar
sozinha. Eu me sinto perdida,
assustada, angustiada, acuada, atordoada, adestrada, castrada, covarde...
A sensação-buraco me engole
por completo. A sensação-buraco me estremece, me dói os ossos. Eu sinto esse
não-sei-que-frio que vem de não-sei-onde, um frio
que congela a nuca e me faz
olhar para trás três vezes por minuto. O frio do pânico
de achar que a morte me
persegue.
Não que eu tenha medo da morte
em si...
Não tenho.
Não...
Eu tenho medo do ato de
morrer. Tenho medo do sentimento de estar morrendo. Não sei
se estou preparada para deixar
a sensação-buraco
pela sensação-nada.
Eu estive uma vez, mas não
obtive sucesso.
E aqui estou. In-tei-ra.
Which means there’s no
“in memoriam”.
Mas os pensamentos estão ali,
tentando me encorajar à covardia absoluta que é...
bem, o suicídio.
É que, na maioria das vezes,
eu não aguento muito mais. Eu quebro. Eu tropeço
no chão da dor
e caio de cara
nesse nada intermediário,
nesse limbo frio no qual a
morte me espreita.
Não existe isso de levantar
nessas horas. Eu só deito lá,
abraço as pernas e
espero.