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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Como um dente-de-leão.



Vi hoje os pardais sobrevoando as flores coloridas que certa vez foram plantadas por nós. Visitei as lembranças mais claras, delicadas, desenhadas e emolduradas que tenho... Pintadas de rosa pastel. A declaração que tenho é de simples amor, mesmo que as flores plantadas sejam invenção minha. Invenção nossa, eu diria. Um casal de poetas tem muito disso, não é? Flores inventadas e lembranças pintadas de rosa pastel. Dói agora saber que sua pena está longe da minha tinta e nosso caderno guardado até nos reencontrarmos. Amor! AMOR! AMR... ar. Eu sinto falta de ar. A cada segundo que passa eu retomo seus olhares, seus sorrisos e seus beijos... Seus abraços. Mas não esvaneceremos como um dente-de-leão.

Ouvi hoje, um pouco antes das cinco da manhã, um grito desesperado de criança. Era um rapazinho perdido em uma rua escura e fria, longe de mim. Grito agudo de criança. Acordei procurando o despertador, achei que ainda ouvia o grito, mas não... Não era. Desdenhei minha pouca percepção e voltei a dormir para logo acordar novamente e notar: não o veria mais... Não agora, não tão cedo, nem dali oito horas. Não o vejo agora. Não o tenho contra meu peito, mesmo que em lágrimas. Dói. Ar! AR! AMR... amor. Eu sinto falta do seu amor pertinho de mim. Sussurrando em rosa pastel no meu ouvido sobre os pardais que sobrevoam as flores coloridas que havíamos plantado mais cedo! E a sua preocupação... De que os pardais virassem corvos.

Os nossos pardais nunca poderiam virar corvos.

Nunca.

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