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sábado, 18 de setembro de 2010

Olho por olho, dente por dente


Via-se de longe o casal, chamava muito a atenção. Ela não tinha mais que um e sessenta, ele não tinha menos que um e oitenta. Duas pessoas incrivelmente estranhas, atípicas. O fato de ela ter um ponto de interrogação tatuado na batata da perna direita não era nada comparado ao de ele usar um kilt de brim preto. Ela abraçava sua cintura como se abraçasse o mundo, ele tinha o braço sobre seu ombro de forma a deixar claro para todos que ela era toda sua.

Eles não tinham época, não se encontravam em década alguma. Pareciam, na verdade, alheios a qualquer medida de tempo, como se o mesmo não existisse. Nenhum dos dois levava um relógio no pulso, era dispensável. Não havia sorrisos, a exceção de quando seus olhares se encontravam. As pessoas pareciam evitá-lo, eles retribuíam o gesto. Só queriam ficar juntos e sozinhos, como se nunca tivessem feito isso.

Passando por um banco ele sentou-se, puxando-a para si. Beijou-a com tanta intensidade que parecia sugar sua alma. Não que fosse necessário, sua alma já era dele. Ela entregava-se por inteiro, agarrando seu pescoço e retribuindo tudo o que lhe era proporcionado. A relação deles parecia ser assim; olho por olho, dente por dente. Ela tinha medo do fim daqueles dias, que parecia cada vez mais próximo, e ele sabia disso.

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