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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Aos meus.



Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo todo o amor do mundo. Não só o meu amor, mas o amor que o resto desconhece. Amor como aquele que encontramos na esquina no sorriso de um transeunte, ou como a lambida de um cachorro quando encontra seu dono. Desejo o amor simples diário... Porque quando vier o amor de verdade, saberão diferenciar bem e não passarão pelo que passei. Quero que vejam carinho e felicidade até no mais rabugento e tirem isso para a própria vida. Desejo também que amem como eu amo: pura e sinceramente.

Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo a verdade do ser gente. Porque todos sabemos que ser gente é uma queda eterna após a infância. Eles saberão, por mim ou por outro, que essa queda pode ser menos grotesca se fecharem os olhos, mas que fechar os olhos é coisa de quem tem medo de ver. Ver é essencial para ser gente, e meus Ezequiel e Capitolina saberão disso e não terão medo. As asas serão dadas logo cedo, para que possam planar, desviar mais facilmente e ter uma queda mais leve dos que não abrem os olhos. Desejo a eles uma segurança íntima e a felicidade dos verdadeiros.

Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo mentes brilhantes. Porque o mundo precisa disso, de mentes brilhantes, para que construa-se da melhor forma possível. O segredo está na gente, desejo que eles saibam disso. Quero que sorriam pensando numa nova ideia, numa nova arte, num novo projeto. Quero que quando pequenos já saibam o significado de inovação e coloquem em prática o que idealizarem. Tenho para mim que serão meus pequenos gênios, cheios de capacitação e cultura. Que criem sua própria cultura, também, porque nada que é imposto – mesmo que inconscientemente – é realmente bonito.

Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo uma existência. Seja com esses nomes ou com outros, que haja a existência. Mas que não apenas a física, mas também a mental, a intelectual, a criativa. Desejo que por mim saibam muito e por si saibam mais ainda. E digo, por meio desta, que sejam dois, ou três, ou quatro, ou um, mas que sejam. E sejam meus para o mundo. Espero ansiosa.

sábado, 4 de agosto de 2012

Dois amigos, não mais que isso.



Estar feliz é uma sensação estranha. Um comichão diferente, agradável... Eu não chamaria de prazeroso, contudo. Se bem que já não tenho certeza, faz tempo que não me sinto realmente feliz. Não é que eu goste de estar triste, não. Ninguém gosta de estar triste. O que ocorre é que acostumei com o que gosto de chamar de depressão não-diagnosticada. O não estar bem, aquele sentimento de vazio dentro do peito e da mente, aquele sorriso debochado na frente do espelho, “ah, é só mais um dia”, tudo ao som de Joy Division, The Smiths, Nirvana e, pasmem, até mesmo algumas músicas dos Arctic Monkeys. 

Quando penso em felicidade, lembro de nós dois, eu sentada no chão e você com sua cabeça deitada no meu colo enquanto te faço um cafuné. Dois amigos, não mais que isso. E eu choro, minhas lágrimas caem no seu rosto, você não liga. Você não liga porque já está acostumado a me ver chorar, já está acostumado a me ajudar, e aliás, você gosta disso, gosta de me ver bem depois. Assim como eu gosto de te ver bem. Minhas mãos passam por seus cabelos e você fecha os olhos, como se fosse dormir para sonhar com algo melhor do que nossas vidas.

É bom te ver cochilando, sereno. Curvo-me para beijar sua testa e logo volto a fazer carinho em seu cabelo, seu rosto. Então começo a pensar na minha vida e tudo de errado que acontece nela, tantos pensamentos, questionamentos, tanta coisa que nem reparo que parei de fazer-te um cafuné, estou apenas com a mão em cima da sua cabeça. Isso te acorda, e você sabe que estou pensando novamente em deixar tudo para trás, em deixar a vida para trás e partir para sempre. Ou pelo menos parece saber porque está aqui, está sentado, me abraçando, me acolhendo.

Quando penso em felicidade, penso que você me apoia, me entende. Minha felicidade, essa momentânea, é pequena, curta, mas existe, mesmo que exista só um pouco. E você está ali, tentando sentir metade do que sinto, se corroendo para ter o que falar, para me deixar melhor, mas palavras não são necessárias. Não, não, desde que você esteja sentado, abraçando-me, beijando minha testa longamente com uma das mãos acariciando meus cabelos, assim como está agora, palavras são completamente dispensáveis.