Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo
todo o amor do mundo. Não só o meu amor, mas o amor que o resto desconhece. Amor
como aquele que encontramos na esquina no sorriso de um transeunte, ou como a
lambida de um cachorro quando encontra seu dono. Desejo o amor simples
diário... Porque quando vier o amor de verdade, saberão diferenciar bem e não
passarão pelo que passei. Quero que vejam carinho e felicidade até no mais
rabugento e tirem isso para a própria vida. Desejo também que amem como eu
amo: pura e sinceramente.
Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo a
verdade do ser gente. Porque todos sabemos que ser gente é uma queda eterna
após a infância. Eles saberão, por mim ou por outro, que essa queda pode ser
menos grotesca se fecharem os olhos, mas que fechar os olhos é coisa de quem
tem medo de ver. Ver é essencial para ser gente, e meus Ezequiel e Capitolina saberão
disso e não terão medo. As asas serão dadas logo cedo, para que possam planar,
desviar mais facilmente e ter uma queda mais leve dos que não abrem os olhos.
Desejo a eles uma segurança íntima e a felicidade dos verdadeiros.
Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo
mentes brilhantes. Porque o mundo precisa disso, de mentes brilhantes, para que
construa-se da melhor forma possível. O segredo está na gente, desejo que eles
saibam disso. Quero que sorriam pensando numa nova ideia, numa nova arte, num
novo projeto. Quero que quando pequenos já saibam o significado de inovação e
coloquem em prática o que idealizarem. Tenho para mim que serão meus pequenos
gênios, cheios de capacitação e cultura. Que criem sua própria cultura, também,
porque nada que é imposto – mesmo que inconscientemente – é realmente bonito.
Aos meus filhos Ezequiel e Capitolina desejo
uma existência. Seja com esses nomes ou com outros, que haja a existência. Mas
que não apenas a física, mas também a mental, a intelectual, a criativa. Desejo
que por mim saibam muito e por si saibam mais ainda. E digo, por meio desta,
que sejam dois, ou três, ou quatro, ou um, mas que sejam. E sejam meus para o
mundo. Espero ansiosa.