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domingo, 10 de julho de 2011

Querida vida efêmera;

“E quando nada justifica?”

Ela é a mosca... Aquela mosca, sabe? Aquela que você prendeu com o copo de vidro na hora do almoço. Ela é aquela mosca. Observava o mundo como se o julgamento final estivesse próximo, e sabia que não iria para o melhor lugar possível. A dor de não conseguir fazer nada a atingia constantemente, principalmente por saber que eram objetivos tão ínfimos que mesmo uma criança os realizaria.

A mosca entra em desespero ao notar que não consegue sair. Tem apenas um dia... Ela tinha apenas uma vida e não conseguia quebrar suas próprias barreiras. Muito sólidas, muito altas. Passar por elas gastava a energia que nossa mosca simplesmente não tem. O pior mesmo, o pior de tudo, é saber que não é tanta a energia, é pouca... Mas ela ainda assim inexiste.

Ninguém a conhece, ninguém a entende, ninguém quer conhecê-la ou entendê-la. Estão ali, suportando-a apenas, lidando de mau-grado com ela. Provavelmente não a queriam ali. Não obstante, ela apenas deixa-se levar, o que irrita alguns.

Inconsequente demais, cansou de não ser e passou a imitar, feito um macaco. Ela virou um macaco e desde já nossa mosca estava livre. Livre para fazer o que os outros também faziam, mas isso a felicitava, pelo menos até certo ponto. Cansada também de ser macaco, queria ser humana. Mas sua condição para ser humana era voltar a ser uma mosca dentro do copo, e dentro desse copo ela observaria sem opinião, sem voz ou imagem.

Tudo o que queria era quebrar o copo de vidro, mas a força que tinha não era o suficiente, e isso a degolava metaforicamente. A dor de ser degolada sem ser realmente pode ser muito maior, pois não acaba... Não tem mesmo um início de fim. O bom é que ninguém nota, ou talvez isso seja ruim. Se ninguém nota, não a julgam, se não a julgam não há críticas ou melhoras.

E assim começa o choro sem sentido, sem razão ou propósito. Apenas um choro rasgado, entrecortado, meio estúpido e terrivelmente patético. Moscas também choram. Choro dolorido, ela imerge em seus sonhos mais intrínsecos, e deles não sai, por mais que saiba que não é eterno, não consegue largar, não consegue deixar escapar o que a faz bem mesmo que não faça verdadeiramente.  Confuso? É a vida de nossa mosca... Sempre complicando a mais simples das situações.

Talvez seja uma eterna saudosista e seus tempos de criança ainda sejam os melhores, mas a vida deixou de ser boa de repente. E agora ela estava em uma época autodestrutiva demais, onde tudo o que fazia a levava mais próxima ao fim. O que pensavam já não importava, desde que não estragasse seus pequenos planos de continuar dentro do copo. Tudo estava de pernas para o ar, ao contrário. Era incapaz de colocar suas cobertas do lado certo, pois se aquecia melhor embaixo do caos. Seu maior e mais verdadeiro amigo, caos.

O tempo não passa. O tempo não para. O tempo nunca existiu. E agora a mosca morre, dentro do copo, seu dia acabou.


Um comentário:

  1. caraca O_O essa senti ate no coracao,mas e verdade.nunca mais trancarei a mosca no copo.

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