YayBlogger.com
BLOGGER TEMPLATES

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sorria



A vida não existe. Estou com vontade de chorar porque a vida não existe. Isso chega a ser meio contraditório tendo em vista que chorar é um dos meios de mostrar que há vida. Chorar é bom... Mas não, a vida não existe. E se existisse, a vida não seria boa. Tenho visto filmes, bons filmes, e lido livros, ótimos livros... E quando se reúne tudo o que vi, li e ouvi... Bem, o resultado não é dos mais agradáveis. Mas vi um filme específico que me fez pensar e me fez chorar. E eu chorei tanto que até me assustei, um choro silencioso que mal chegou a sair da minha garganta. Estou desconfiada que o mundo é uma invenção nossa; e que a vida é uma invenção nossa.

Sonho bastante e meus sonhos fazem muito mais sentido que minha vida de verdade. Talvez eu esteja enlouquecendo mesmo, talvez eu esteja certa. Espero que eu esteja enlouquecendo. Aliás, é isso mesmo. Um amigo meu disse-me que só por perceber minha insanidade, isso já faz de mim alguém sã. Eu não acredito nisso... Os sãos sabem que não são problemáticos, bem como os problemáticos fingem que são sãos. Eu finjo que sou sã. Mas isso não importa, o que importa é que a loucura abre a mente mais do que gostaríamos que abrisse.

Penso demais também. Não deveria contar assim, mas tenho sérios problemas psicológicos. Acreditava serem apenas emocionais, mas não podem ser. Todos me enganam... Todos querem me colocar contra a parede e arrancar de mim palavras que eu mesma desconheço. Quer saber o que há comigo? Ando muito desorientada. Mas não, não, ninguém quer saber o que há comigo. Querem saber o que há com o planeta. O mundo é doido. Sério, você o inventou assim, não adianta reclamar agora. O mundo é doido, louco, maluco! Ele foi feito para te fazer enlouquecer com ele. E ele foi feito por você.

Não sei ter medo. Nem da pobreza, nem da velhice, nem da morte, fome, dor, solidão. Eu não tenho medo. Eu tenho ódio. Tenho ódio dos que têm medo e jogo neles a minha carga pura de falsidade. Mas é quase real, falo o que acho sempre. Só que com o tom errado. Tenho ódio também do meu eu. Não do meu eu que foi criado pelo mundo, mas do meu eu interior, o meu eu que criou meu mundo mentiroso e instável. Tenho ódio do sofrimento que passo todos os dias por meu eu interior ser tão dramático! Tenho o puro ódio.

Mas agora, deixando de lado essa história meio doida sobre mim – aliás, acredito que ela seja realmente muito entediante –, vamos começar a pensar. Já tocou seus próprios dedos? A sensação é estranha e quase nula. Agradável, não é? Incrível como seu corpo foi todo feito como uma armadura de sobrevivência. É, você não foi feito para matar animais maiores, somente os menores. Você mata coelhos com facilidade. Só usando as mãos, os dentes e o que mais quiser usar desse seu corpo considerado frágil. Mas se for lutar com um leopardo, quem você acha que ganha? Mas esse não é o jeito certo de viver, é?

Não há um jeito certo de viver, pois não há vida. Se quiser trucidar todos os seres vivos, você agora pode, porque seu lindo cérebro superdesenvolvido trabalhou bastante e chegou com sucesso às armas. Armas de todos os tipos. Armas... Armas emocionais e psicológicas. Deixar uma pessoa com medo é fácil. Mais fácil ainda se a pessoa não te conhece. Vire para ela, encare-a até que ela perceba. Depois continue encarando. O incômodo é o início do medo. Mas tudo isso é besteira. Você não precisa manipular ninguém quando sabe que brinca disso todos os dias.

Já imaginou morrer? Acho morrer a coisa mais linda do mundo. É o fim de uma inexistência que pode ter sido tanto plena quanto perturbadora. Você morre para inexistir em outro lugar. Gosto de caveiras porque são a interpretação pura da morte. Eu torço para morrer a cada incidente ou situação de risco que me encontro. E quando não acontece, continuo inexistindo com a certeza de que meu fim está próximo. Já te enfiaram uma agulha de mentiras? Pois enfiaram em mim, duas vezes na mão esquerda, uma na direita, uma vez no braço esquerdo e eu não imagino quantas no direito (porque encontra-se muito roxo, mas eu estava dopada na hora). Eu quero morrer sem dor. Porque a dor é o início do incômodo, que, como eu já disse, leva ao medo. E eu não quero temer a morte.

É uma pena eu não conseguir seguir um raciocínio lógico, me perdoe, eu peço, imploro. Tenho raiva de não ser quem finjo ser. Pois ontem mesmo abri-me com um outro amigo meu e nossas situações, apesar de opostas, são realmente parecidas. Absolutamente! Devo dizer que sinto uma grande agonia por ele. Não sinto por mim porque sou patética. Ele não. Às vezes temos que esquecer tudo, não? Tomar um banho quente e fingir que nada está acontecendo. E quem disse que está?

Mudanças não existem. Ninguém muda, só amadurece. Amadurecer uma ideia antiga não é e nunca foi muda-la. Tenho a impressão de que perdi o foco com isso. Sim, sim. Nada realmente existe, nada te garante que isso que você vive não é um sonho e seu sonho não é a realidade. Quem sabe a realidade não é meio louca e atemporal, certo? É mais fácil de acreditar nisso do que num mundo melhor. Eu vivo na consciência da falta de poder sobre a minha vida e a submissão que tenho quanto à minha mente. Ela que manda em mim.

Vou dormir. Isso não chegou a lugar algum. O propósito era esse. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Meu sete vermelho.



Não quero escrever com palavras rebuscadas, e nem com sentimentos inventados. Quero escrever para você ler, só você. Eu te amo, sabia? Eu sempre te amei e parece que isso não mudará nunca. Você foi um erro, um erro horrível. O que cresceu em mim por você foi mais do que só o sentimento de carinho e proteção, mais que o puro amor. O que cresceu em mim por você dói tanto que parece rasgar, e ao mesmo tempo acolhe tanto que pareço estar em nuvens. E já te abracei tantas vezes, você não tem nem ideia! É engraçado, porque... Eu apenas sinto. Seu sorriso sempre será o mais bonito do mundo. Haha... Eu acho graça disso, de verdade. Porque, nossa, você me faz bem! Você me faz tão bem que... Que poxa, eu não sabia que conseguia estar feliz assim de novo.

Sabe, quando você me deixou da primeira vez lembrei-me do meu pesadelo. Eu sozinha e você de costas... De costas dizendo que não me amava e nunca me amou. Era tudo mentira? Não parecia mentira! Você lembra? Lembra que disse que era tudo mentira? Pois disse, falou com essas palavras e outras mais. Mas eu... Eu não ligo mais, eu acho. Você voltou depois daquilo. E depois foi embora de novo. Os intervalos de separação eram curtos, he... Bem curtos na verdade. Algo como uma semana ou duas. E então voltávamos, estávamos juntos de novo. E eu estava feliz de novo.

Acho que foi a quarta vez... Sim, acho que sim. A quarta que você foi embora, foi estranho... Simplesmente estranho. Porque eu esperei uma semana. Então esperei duas... Na terceira comecei a desconfiar e na quarta... Na quarta semana aquilo já parecia não fazer sentido nenhum. Em agosto soube que estava com outra. Eu já sabia, na verdade. Só não sabia que estava namorando... Aquela garota... Então em agosto eu caí. E levantei de novo, porque minha vida não pode ser você, nunca pôde ser. Estive com outros e, não sei, não é a mesma coisa. Não que eu realmente saiba, não é? De qualquer forma, eu comecei a viver o que não fazia tanto sentido, mas eu precisava fingir que sim porque... Porque bem, você me ensinou a ser forte e eu não podia deixar de sê-lo.

E então veio setembro. Setembro passou e não houve aquela volta que esperei por dois meses. E então outubro. Outubro é um mês esquisito também. Outubro não me trouxe nada. Chegou novembro e logo na segunda semana – segunda semana, é isso mesmo? – bem, na segunda semana, numa segunda-feira, foi seu aniversário. Eu liguei. Eu estava nervosa. Fazia tempo que não falava de verdade contigo e da última vez que tentei, você não estava interessado de maneira alguma. Na quarta você apareceu do nada, como sempre faz, aliás. Imprevisível, não é? Eu tinha esquecido dessa sua característica. Na verdade, eu tinha fugido... De todas as suas características.

Pediu-me desculpas e eu desculpei. Tornamo-nos amigos e não mais que isso. Caramba! Como você consegue? Sentir coisas tão incômodas! Você é tão confuso, confunde-me por ser assim. Eu não sei mais... Não faço ideia do que passar pra você, do que você quer ouvir ou do que você quer de mim. Porque você mesmo não sabe. Meu querido Sid, meu querido Engel, my sweet prince. Olha, não queria dizer nada, não assim, mas... Você é doido, sabia? Você vive a vida de um jeito maluco e descompassado, e nunca tem certeza de nada. Aliás, tem... Tem muita certeza. Só que muda essa certeza toda hora. Muda seus planos toda hora. Você é todo errado, hahaha. Você é meu errado, meu vermelho. Eu sempre soube que era. E seus erros, sua loucura, sua inconstância. Tudo isso me encanta demais! Não sei se te amo porque aprendi a lidar contigo, ou se aprendi a lidar contigo porque te amo. Acho que sempre soube lidar com você. Acho que gosto de tentar montar esse quebra-cabeças que é seu emocional e seu psicológico. E gosto de perder algumas peças no meio da brincadeira. Engraçado que você sempre aparece e embaralha tudo de novo...

Gosto de você embaralhando tudo, errando em tudo e bagunçando tudo. Você já fodeu tanta coisa em mim... Me dá agonia. Acho que sou meio neurótica por sua culpa. Mas é capaz que não, sempre fui meio doida, você bem sabe. Fiz tanta merda por você... Sei lá. Eu te amo, né? O que vem pela frente é outra história. E isso é só pra você. E o sétimo e último parágrafo é só seu. Sete é seu número, não é? 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Faca, vaca, treco.


Observação  inicial: Leia esse texto antes.

É esse olhar vazio que me tortura diariamente, esse descaso para com o que temos. Queria quebrar meu copo em sua cabeça estúpida lotada de questionamentos inseguros. Conheço bem o dono das ideias temperamentais, querendo ser mais e vindo a ser menos. Sorri quase em desespero, encarando aquele monte de merda humano. Traste! Como ousava? Como ousava encarar-me lascivamente com aqueles olhos negros de desdém? Seus lábios rachados e mordidos doíam-me de ver, doíam-me de sentir. Aquela falta de sorrisos e exagero de pensamentos indecifráveis, mas imagináveis, faziam-me mal. Ele, como parceiro, é ninguém. Por que fui meter-me a querer alguém tão constante? A essa constância chamo de loucura, pois o humano é feito de erros, e esse meu parceiro, esse meu ele, já passou a cometer erros como sua própria constância. Loucura paradoxal costuma ser a pior delas.

O dia em que nos conhecemos, lembro-me bem, não poderia ser pior. Pareceu algo de minha cabeça, algo terrível de minha mente relaxada e indistinta. Sol queimando e de repente uma chuva intensa, ele de costas... O dia foi dos piores, simplesmente dos piores. E agora estava ali, de frente, no seco calado do nosso apartamento frio. A luz fraca obtida pela luminária da sala sempre foi a preferência, minha e dele. Mas ele deixou de importar há meses... E prefiro ver-me como única ali, solitária, já que a diferença entre a minha solidão e a presença dele é quase inexistente. Mas ainda aqueles lábios rachados. O desenho perfeito de seus lábios duros, inflexíveis, não me passam nada, não me passam o sentimento de segurança nem mesmo o desejo absurdo de beijá-los... O desejo absurdo de beijá-los... De tê-los... Não me passam nada! Porque tais lábios duros e inflexíveis contraem-se e repelem-me.

Vejo seus movimentos inconvictos e seus passos em falso, faz-me rir, faz-me bocejar, faz-me lembrar. Lembrar de como aqueles dias de atuação sexual entre nossos corpos eram fracos, poucos... Bons... Os dias parecem estar contados e eles se contam sozinhos. O fim daquilo seria meu começo, e o fim dele seria o passo inicial. Mas a dor de desfazer meu trabalho, a dor de vê-lo reconstruindo-se, essa dor é insuportável. Ele não merece um novo início! Ele não merece nada.

Eu odeio o modo como ele me observa, como se eu fosse uma presa. Ou como se eu fosse atacá-lo a qualquer momento. Como se eu pudesse esmagá-lo como se esmaga uma barata indesejada no carpete sujo da sala de estar. De fato, queria poder fazê-lo. Eu pedi um tempo a mim mesma e não soube me concedê-lo, agora estava perdida com aquela barata... Os que viam de fora, viam o casal perfeito. O casal sorridente e estupidamente feliz que anima a festa e cuida um do outro. Queria poder enxergar como os de fora enxergam, mas devo contentar-me com o fingir. E esse fingimento abastado, acho eu, engana a ele, como engana os outros. Tanto engana-o, que ele quer meu fim como quero o dele. Isso tudo é insano, não? Por quê, afinal? Por que odeio tanto sua pele quente junto a minha e seus olhos vazios observando-me no banho? Ou observando-me em qualquer lugar? Sentado naquela poltrona, olha-me como se bolasse um plano... Encara-me como se sentisse uma faca em meu pescoço.

Vivo com o inimigo, mas o tenho em minhas mãos. O controle é difícil, sinto-o quase escapando em diversas situações, de diversas maneiras. Meu suco já não tem gosto, esse suco que cheira a dor. Aquele ar pesado parecia quase sólido, e eu o respirava junto ao cheiro de dor que a falta de gosto trazia. Olhos negros encaram-me e meus lábios já estão sobre os seus, em um selo de desconfiança e asco. Era o momento... O momento crucial. Algo aconteceria e eu sentia tudo voltando, todo o ódio, toda a dor, toda a decepção de tê-lo e não querê-lo. Minhas mãos apertaram o copo de vidro, suadas e apavoradas... Era agora, eu só tinha que perguntá-lo, só tinha que acabar logo com aquilo.

- Quer também? – ...o fracasso me dói. 

domingo, 13 de novembro de 2011

br ancomeu


(A meu professor de inglês, Igor, que mostrou-me novas formas de se escrever um poema.)

 espero oa           inda
esper oa vind           a
vida ato a
espero        ad or
do r s
    ua
                    cr
ua
dar      ua nua
dee spanto sa    grado
es                        pa
ço 
                           em
br
         an
                  co

sábado, 1 de outubro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

"I need you so much closer..."




And even not talking to you, I need your voice, I need your spectrum of presence holding me at night and saying that you love me. I'll never forget what will always be ours. I need you, even if it's not close, even if it's not here. I need your smile and your secrets. I just love you, I always loved you... And I'll love you forever. Please, don't let me go again, don't let me go as you always do... You're my past, you're my present, you're my future. I love you. I need you. I want you. Please, stay here with my heart, and love this, love me, love our love.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Colher, boi, coisa.

Observação inicial: Primeiro texto meu para se ler em voz alta, não tenha vergonha, solte-se... Faz bem gritar consigo mesmo às vezes.

Seu sorriso indecente me pegou desprevenido. Como um vento repentino leva um chapéu de moça, seu sorriso indecoroso levou minha consciência. O que fazia com aquele copo de mágoas na mão esquerda? Eu sei, eu sei, estava prestes a derramá-lo sobre mim. Nunca fora terna, e não o seria naquele momento. Por que ainda estava com ela?  Por que ainda a queria em minha pequena e cabível vida? Ela desconfigurava tudo, desestruturava todos os eixos antes bem colocados por mim. Os de fora chamavam o que tínhamos de amor, eu chamava de puro desespero. Um desespero tão incomodo, mas ao mesmo tempo tão intrínseco, que confundia-me. Num ato tão inesperado quanto seu sorriso indecente, bebeu as mágoas. As mágoas que deveriam ser minhas, que agora deveriam estar em minha garganta, presas. Um favor egoísta não é um favor.

Aquilo que todos chamavam de amor, aquilo que eu era obrigado a considerar amor, aquilo que ela jogava-me na cara como amor, aquilo simplesmente enojava-me. E ela continuava ali, bebendo de sua amargura e encarando-me com os olhos de ressaca da noite anterior. Aquele olhar fazia-me mal, derretia-me a alma e escandalizava-me a mente. Mas perder aquilo não era uma opção. Eu simplesmente não podia deixá-la viver para outro, porque então esse ódio e pavor que sinto dela e por ela não fariam qualquer sentido.

Cabelos negros como o ébano da janela de nosso apartamento frio, e ela joga esses cabelos para seduzir-me, sei que sim. Mas ela não me seduz, nada naquela pele macia de pecados, ou mesmo naqueles seios delicados de covardia, nada nela me seduzia. Os cachos definidos eram o símbolo do meu passado estúpido. Tudo nela... Eu simplesmente... Tudo nela enfeitava meus desejos mais mórbidos de quebrar aquele pescoço moreno e frágil. Sentou-se ao meu lado, o copo vazio era apenas mais uma metáfora para o oco que habitava nosso interior.

Seus braços desnudos eram o meu silêncio sombrio, seus lábios experimentando o ar derretido ao seu redor eram o meu suor nervoso. E esse suor quase sólido, ainda que me saísse dos poros apenas de forma conotativa, sufocava-me o âmago. E esse meu ser suado de terror e ternura ainda era minha própria ilusão de mim mesmo, a ilusão de um indivíduo tão incapaz de ser amado ou detestado, que chega a se afundar nas tristezas daqueles que não conseguiram deixar a imaturidade.

Lá estava ela, sorrindo seu sorriso indecente, indiscreto. Encarava-me como se eu fosse um pobre coitado que não merecia o que tinha, se é que tinha algo. E por um momento fui levado ao status de uma aranha indesejada, um mísero aracnídeo que merecia a morte. Eu era, e eu sou, esse inseto que é fitado por olhos tão verdes quanto o mar... Mas eu só conseguia vê-los vermelhos de sangue. Talvez os olhos que estivessem vermelhos de fato fossem os meus e esse meu ódio de querer mais e mais e mais... E mais... Esse meu ódio de querer seu oportuno ódio que não existia, que nem sequer manifestava-se, mesmo que inintencionalmente!

Querido eu. Aliás, querido não. Desprezado e emancipado de sentimentos eu, por favor não a ataque. Esses seus gestos, ou melhor, reflexos de movimentos fatais não são uma ideia nem ao menos considerável. Largue disso, desprezado e emancipado de sentimentos eu, por favor largue disso. Sorrir de volta um novo sorriso de desprezo pelo meu próprio ego era o que eu poderia fazer, e foi o que fiz. Seus lábios impuros e secos tocaram os meus e minhas faces contraíram-se numa expressão de insanidade pura, não escolhida e não querida insanidade. Esse breve momento foi interrompido e ignorado por nós. Levantando-se então para dar-me o golpe certeiro, ela me fez a pergunta final...

- Quer também? 

domingo, 10 de julho de 2011

Querida vida efêmera;

“E quando nada justifica?”

Ela é a mosca... Aquela mosca, sabe? Aquela que você prendeu com o copo de vidro na hora do almoço. Ela é aquela mosca. Observava o mundo como se o julgamento final estivesse próximo, e sabia que não iria para o melhor lugar possível. A dor de não conseguir fazer nada a atingia constantemente, principalmente por saber que eram objetivos tão ínfimos que mesmo uma criança os realizaria.

A mosca entra em desespero ao notar que não consegue sair. Tem apenas um dia... Ela tinha apenas uma vida e não conseguia quebrar suas próprias barreiras. Muito sólidas, muito altas. Passar por elas gastava a energia que nossa mosca simplesmente não tem. O pior mesmo, o pior de tudo, é saber que não é tanta a energia, é pouca... Mas ela ainda assim inexiste.

Ninguém a conhece, ninguém a entende, ninguém quer conhecê-la ou entendê-la. Estão ali, suportando-a apenas, lidando de mau-grado com ela. Provavelmente não a queriam ali. Não obstante, ela apenas deixa-se levar, o que irrita alguns.

Inconsequente demais, cansou de não ser e passou a imitar, feito um macaco. Ela virou um macaco e desde já nossa mosca estava livre. Livre para fazer o que os outros também faziam, mas isso a felicitava, pelo menos até certo ponto. Cansada também de ser macaco, queria ser humana. Mas sua condição para ser humana era voltar a ser uma mosca dentro do copo, e dentro desse copo ela observaria sem opinião, sem voz ou imagem.

Tudo o que queria era quebrar o copo de vidro, mas a força que tinha não era o suficiente, e isso a degolava metaforicamente. A dor de ser degolada sem ser realmente pode ser muito maior, pois não acaba... Não tem mesmo um início de fim. O bom é que ninguém nota, ou talvez isso seja ruim. Se ninguém nota, não a julgam, se não a julgam não há críticas ou melhoras.

E assim começa o choro sem sentido, sem razão ou propósito. Apenas um choro rasgado, entrecortado, meio estúpido e terrivelmente patético. Moscas também choram. Choro dolorido, ela imerge em seus sonhos mais intrínsecos, e deles não sai, por mais que saiba que não é eterno, não consegue largar, não consegue deixar escapar o que a faz bem mesmo que não faça verdadeiramente.  Confuso? É a vida de nossa mosca... Sempre complicando a mais simples das situações.

Talvez seja uma eterna saudosista e seus tempos de criança ainda sejam os melhores, mas a vida deixou de ser boa de repente. E agora ela estava em uma época autodestrutiva demais, onde tudo o que fazia a levava mais próxima ao fim. O que pensavam já não importava, desde que não estragasse seus pequenos planos de continuar dentro do copo. Tudo estava de pernas para o ar, ao contrário. Era incapaz de colocar suas cobertas do lado certo, pois se aquecia melhor embaixo do caos. Seu maior e mais verdadeiro amigo, caos.

O tempo não passa. O tempo não para. O tempo nunca existiu. E agora a mosca morre, dentro do copo, seu dia acabou.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Querida eu aos cinqüenta...


Como está tudo? Tenho tantas perguntas, tantas dúvidas! De fato, não sei nem por onde começar... E sei que não haverá resposta, mas quero muito que leia isso, que reflita sobre isso. Então, acho que devo começar.

Ainda estamos vivas? Tomara que sim, não é? Se não estivermos, isso que escrevo não valerá de nada... Diga-me então, amadurecemos finalmente? Ou ainda somos aquela criança que ainda acredita num amor verdadeiro? Ainda há aquelas apostas consigo mesma? É, do tipo “aah, se passar um carro vermelho agora é porque o almoço será bom”! Ainda temos isso? E aquele machucado no joelho? Não ficou nem uma cicatriz, espero... Foi uma queda muito tosca, não? Pelo menos não quebramos nada.

E financeiramente? Fizemos o que queríamos fazer? Fomos bem-sucedidas na área em questão? Não acho que seria bom fazer algo que nos desse dinheiro sem gostar disso? Vixe, estamos morrendo de fome! Pode falar, eu sei que estamos... Ou estamos tristes, descontentes com o que fazemos? Prefiro morrer de fome...  Ah! Escrevemos aquele livro? Nem que não tenha sido um best-seller, concluímos finalmente uma história? Espero que sim!

Família... Temos alguma? Tivemos um grande amor maior do que aquele outro? Ou pelo menos reencontramos esse mesmo amor? Casamos, tivemos filhos? Imagino a nós solteironas, apenas... Não é? Sozinhas, mas com aquele sorrisão no rosto! A titia maluca, talvez. Fizemos aquelas tatuagens que queríamos? E estão boas ainda? Disseram-me que aquilo ficaria nojento mais tarde... Feio, sabe? Ficou feio? 

Nossos amigos dos quinze são os mesmos dos cinqüenta? Aquele amigo em especial, aquele se drogava, fumava, bebia pra caralho, ainda está vivo? Parece meio ruim falar assim, mas tenho essa impressão. Você se lembra desse amigo, eu sei que sim. Ou não? Lembra-se então do seu praticamente irmão? Aquele que antes tinha um cabelão... Queria ser o Slash, ele dizia. Ainda falamos com ele? Eu gosto dele, não quero deixar de falar com ele... E o loirinho? Eram melhores amigos os dois. Sabemos como estão ainda? Ainda nos importamos? Ainda queremos os dois para sempre em nossas vidas? Disseram-me que as amizades mudam, que amigos vêm e vão. Mas ainda temos aquele nerd como melhor amigo, certo? Aquele que odeia as drogas, que só quer o nosso bem. Ficamos bêbadas com ele? E se sim, foram muitas as vezes que ele nos levou de volta para a casa, nos colocou no sofá e segurou nosso cabelo para vomitarmos no vaso? E aquela amiga desenhista? Ainda a temos? Ela nos xingou bastante, suponha... Chamou-nos de louca certamente. Ainda gostamos de abraçá-la e de chorar em seu ombro? Ainda a vemos como a melhor?

Quero saber mais... Nossos primos ainda são nossos irmãos? E nossa irmã ainda nos venera como antes? Deixou de ser tão chata e implicante? E nós? Deixamos de provocá-la? Mas voltando aos primos... Suponho que tenhamos saído muito com os gêmeos, certo? Fomos para altas baladas! Oras, diga que sim. E o caçula deles? Mais velho que nós alguns meses apenas. Ainda podemos contar com ele para qualquer coisa? Ele ainda lê nossos textos e nos diz que somos muito fodas? Esse, de certo, é nosso melhor amigo. Melhor que ele, nosso primo, acho que ainda não encontramos. Ou encontramos?

Como foram os dezoito, os vinte, os trinta, os quarenta? Quantas foram as decepções? Pois não só de felicidades vive uma mulher. Brigamos muito? Choramos muito? Arrependemo-nos de algo que fizemos ou, pior, que não fizemos? Deixamos muito a vida passar ou a vivemos como queríamos? Apanhamos? Fomos levadas à polícia? Fomos roubadas, maltratadas ou mesmo estupradas? Afastamos quem não devíamos ou acolhemos quem não merecia? Erramos feio e bastante? Tomara que sim... Mas aprendemos com os erros? Rimos quanto? Gargalhamos com o quê? Emocionamo-nos de que forma? Ainda se lembra do primeiro beijo? Dizem que é inesquecível... Aquele atrás da escola, sabe? Cremos na anarquia ainda? Sucumbimos ao capitalismo? Ainda rimos das patricinhas ou viramos algo parecido a elas? Pintamos o cabelo de turquesa? O que achamos da vida agora que vivemos um monte e ainda temos mais um pouco? Queremos chegar aos cem anos ou sem mais qualquer ano está de ótimo tamanho? Descobriram a cura da AIDS? Riram muito quando o mundo não acabou em 2012? Falamos “eu te avisei” para cada um que passava?

A vida passa rápido... Talvez leiamos isso aos vinte e cinco, aos trinta e dois, aos quarenta e sete, aos cinqüenta e quatro, aos sessenta e nove, aos setenta e oito... Talvez nem leiamos. Mas só tenho mais uma dúvida: aproveitamos?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fim.



“Tudo acaba rápido demais.”

O sol bateu forte contra os seus olhos, aquele sol de onze horas que te pega de surpresa, de repente está te cegando. Quanto tempo estivera ali, parada, olhando para os carros que passavam? No final não importava, ela não tinha mais nada para fazer, não havia mais nada que ela quisesse fazer. Percebeu que estava com um sorriso idiota na cara logo em seguida. Imagina que patético, provavelmente estivera com esse sorriso por mais tempo que gostaria.

A ficha ainda não caíra, ela sabia disso, mas somente disso. Ele não a amava, ele terminara com ela, ele a usara. Coitada, tão cega, tão tosca... Novamente o sorriso idiota lembrava a ela o quanto sua imaginação era fértil. Também, pudera! Passou um ano inventando um amor que de certa não valeria mais de um mês. Pois valeu cinco. Cinco meses enganosos, mas ricos de carinho. Foi triste, ela. Ele já está com outra, aquela que se fazia de amiga... Mas está certo, sempre está tudo bem. Chorou um bocado, isso já era de se esperar, mas agora não via mais o porquê chorar. Não havia motivos mais, nem mesmo sentido. Só a dor.

Levantou do banco bem mais ríspida, bem mais forte. Ou pensou que sim... Após dois passos caiu sobre os joelhos, com as duas mãos no rosto, debulhando-se de tanto chorar. Encolhida, no meio da rua, chorava como um bebê. Era tudo tão patético, a história era tão patética... Chorava de vergonha.

As emoções são fortes, elas chegam em você e te derrubam com o dedinho. Não querem saber quem é você, o que você tem ou mesmo quem mais está envolvido, simplesmente te derrubam. Não há muito o que fazer, você só espera passar. É tudo pior quando você ama. Ela amou. Nossa, e como ela amou! No início foi apenas criação da cabecinha oca dela, mas ela amou sim, e amou demais. O sentimento mais filho da puta é o amor. Ele vem, te deixa nos ares depois sai pra você cair com tudo. Ou talvez ele nem saia, mas faz a pessoa em questão sair.

Desprotegida, patética. Parecia diminuir com tudo aquilo, as pessoas a encarando e ela diminuindo. A chamariam de coitada, ela sabia que seria pior, mas não dava para segurar. Sua cabeça iria implodir daqui a pouco, pelo menos era o que parecia. Fora traída, humilhada! Mas o queria de volta, por mais que doesse admitir, ela o queria de volta. Não precisava de explicações ou lamentações, não queria palavras de piedade, ela só queria o sorriso mais lindo do mundo de volta.

“DOR! TANTA DOR!”

O coração arrancado por uma boca de ferro, uma máscara de plástico sobre seu rosto intrínseco. Passaria em dez minutos, ela sabia. Mas enquanto não passava era uma dor ínfima de significados, porém infinita de sentir. Arrancaram algo dela, algo valioso. Sua mente contida de paixão estava sendo esmigalhada por pequenos dedos de desespero. Doía tanto! O desespero tem dedinhos que crescem a garras! São garras, amor!

Louca, coitada. Tão jovem, tão louca... Deveria dar sua criatividade ao mundo, sua imaginação fértil a quem saber usá-la. Deveria não ter falado com ele na primeira vez, não tê-lo cumprimentado aquele dia... Deveria não ter sorrido com a primeira piada pervertida... Deveria tê-lo mandado tomar no cu no dia em que o mesmo a chamou de fraca... Deveria tê-lo derrubado a ele antes dele tê-la derrubado a ela.  

Levantara do chão, enxugara as lágrimas. Agora dirigia-se para casa, a fome batera e os dez minutos esgotaram-se. Estava bem e sorria, sozinha.

sábado, 4 de junho de 2011

Verdades não ditas

- Oi, meu amor, tudo bem? - Sua voz encanta, mas estraçalha.

Dor infinita da alma, terror do que não se vê, saudade do que nunca teve. Se eu morrer de corpo, tê-lo comido por vermes, talvez minha vontade o fizesse notar-me em espírito ao seu lado. Dor infinita no peito, terror do que se sente, saudade do seu carinho.

Se a complexidade que envolve a troca indireta de energias tanto boas quanto ruins, já foi analisada e vencida por nós, não entendo como ainda há tantos desafios bem menores que apresentam impossibilidade de resolução.

Já não consigo chorar, meu amor. As lágrimas se perderam na boca do estômago. Mas não se engane, vez ou outra sobem à garganta e ficam presas como um nó. Infelizmente elas voltam ao local anterior para novamente se perderem. É um ciclo, meu amor, um ciclo que dói como a falta de ar, e desespera. 

A falta de ar sentimental não mata, corrói. É pior, não é, meu bem? É tão pior... Ter sua alma corroída, torturada, mal-tratada e não poder libertá-la. Cuida de mim, querido! Cuida de mim que já não o consigo fazer sozinha, e não quero que o sofrer seja a única opção. Não quero mais esse gosto de sangue na língua. Cuida de mim! Cuida, por favor, meu amor! Estou em brasas, meu bem, meu espírito deitado em brasas...

- Tudo bem...
- O que houve?
- Nada, nada. - brasas, brasas.

Se as dores minhas
Forem dores tuas
Nossa maçã será comida inteira
Como fui comida por ti

quinta-feira, 3 de março de 2011

Eu sou como se fosse um passarinho (baseado na propaganda da MTV)

Penso, penso, pensa comigo
Penso naquilo, penso nisso, penso, penso
Olha-me pensando
E o pensamento aflorando
Penso, penso, pensa comigo

E voa no pensamento do meu canto.

Voa comigo, voo avoado.
E o pensamento se perde
Nas asas e no vento

Perdido, voando, pensando em pensar em nada
Penso, penso, pouso.

Voa no pensamento do meu canto.