"Dois anos inteiros. Eu o amei por exatos dois anos. Fui-lhe fiel toda a relação e adorei o tempo que passamos juntos, mas acabou.
Foi desconfortável, certamente, um fim tão inesperado, e nada agradável ser apresentada a nova namorada dele.
Sempre fomos amigos e antes de conhecê-lo melhor eu poderia jurar que ele era 'alternativo', se é que me entendem. Foi então que me veio a surpresa de sua heteressexualidade se fazer presente. Eu havia perguntado sobre o coraçãozinho dele, se estava namorando alguém... Ao que me veio a resposta mais chocante que eu poderia ouvir naquele momento: "Não, não... Estou esperando por você."
Minha primeira reação foi gritar em "mute" pois minha voz havia sumido. Depois o encarei nos olhos e comecei a rir, perguntando se ele estava brincando, porque para mim
era sim uma brincadeira. Digo, só poderia ser, não é? Ele balançou a cabeça negativamente e eu cocei a minha, constrangida. Oras, que coisa, não?
Aproximava-me dele a cada conversa, cada abraço... E um dia ele disse que não aguentava mais aquilo, e que me queria só para ele... Dizia que não aguentava me ver com outros caras e sabia que eu sentia o mesmo por ele. Bem, eu não poderia negar... Então concordei em ficar com ele.

Um mês depois começamos a namorar e devo acrescentar que éramos o casal mais bonito da história da humanidade. Ok, talvez eu esteja exagerando um pouco, mas é como eu via nós dois juntos... Como perfeitos. Não houve muitas brigas e eu gostava de estar ao lado dele. Íamos ao cinema todo mês e quando completamos um ano, ele me deu uma aliança de compromisso.
Ouro puro, deve ter-lhe custado uma fortuna, tinha o nome dele gravado na minha e o meu na dele. Quase não aceitei depois de saber que era ouro, mas ele me convenceu de que tinha dinheiro suficiente para alimentar a África (exagerado, mas fazer o que?).
Então ele começou a ficar estranho depois de um ano e meio juntos... Nunca me ligava, passávamos pouco tempo no telefone quando
eu ligava, nunca tinha tempo para ir ao cinema. Quando eu perguntava o que havia de errado, sempre a mesma resposta "Nada, nada..." Minha preocupação só aumentava, mas eu não desconfiava dele, nunca.
Dois anos juntos e ele me mandou um buquê de flores dizendo que tinha algo muito importante para falar comigo, para irmos jantar no nosso restaurante japonês preferido.
Arrumei-me por quatro horas, ansiosa para o que ele iria falar para mim. Talvez fosse uma surpresa super mega especial, e talvez isso explicasse o sumiço. Cheguei no restaurante com o sorriso maior que a cara e sentamos na mesa. Os olhos dele naquele momento, nunca me esquecerei. Nervosos, olhavam para todos os lados menos para mim, hesitantes também. Sua voz falhava e ele gaguejava muito. A mão dele estava apoiada na mesa e eu fui apertá-la, mas ele a retirou rapidamente. Meu cenho franziu sem entender e ele suspirou.
Aquele suspiro dizia muita coisa que eu não queria ouvir, eu só fingia que estava tudo certo. Finalmente o olhar nervoso dele encontrou o meu e ele falou. A fala que saiu de seus lábios não conseguiu atingir meu cérebro, eu não podia acreditar naquilo! Minhas mãos começaram a suar frio e eu olhava para todos os lados, porque eu me sentia presa. Ele dizia que a paixão se fora... Agora só restara amizade do que ele sentia por mim. O que era aquilo? Ele se apaixonou antes, esqueceu antes? Não entendia!! Tudo bem, talvez eu entendesse... Talvez eu só não quisesse acreditar, mas era a pura verdade, nosso amor se esvairara, ficando apenas um resquício de amizade. Naquela noite ele me colocou para pensar, e me fez finalmente perceber que nada é para sempre.
Hoje aqui estou eu, em sua festa de aniversário, sendo apresentada a sua atual namorada. "Er... Olá." Só o que posso dizer, além de apertar sua mão. Agora coro, dou um beijo na bochecha de meu ex e me vou, sem falar mais palavras. Devo seguir a minha vida também, isso é certo..."
Qualquer semelhança com a vida da autora é uma mera coincidência u.ú