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domingo, 3 de novembro de 2013

215 norte

Obs. inicial: O que se segue a seguir foi a primeira crônica escrita para um livro sobre a Asa Norte.


Este aqui faz-se o primeiro por ser especial em um particular tão íntimo que agora vira do mundo para quem quiser ver e se fazer especial também. Passa-se na 215 e quem o vive é apenas um rapaz; rapaz esse um tanto desgostoso de amores e pessoas... A poesia, de certo, não lhe servia de maneira alguma. Rapaz esse que tem por volta de seus dezoito anos e por agora – e pelo resto da história – não tem um nome, e nem mesmo um rosto. Rapaz esse que, como já foi dito e agora com carinho eu repito, é apenas um rapaz. O jovem da 215 norte. “Aquele cara”, “o garotão”, ele é esse mundo de pronomes, substantivos e adjetivos equivalentes a ele mesmo.

O rapaz chora, copiosa e ruidosamente, sentado no gramado ao lado do parquinho. São duas e meia da manhã e ele lá se encontra desde as duas e quinze, em prantos sem destino. O sentido, por hora, se perdera por inteiro. Aquela bobagem de sentir coisa alguma já não lhe convinha. Abraçava-se à própria mochila com uma expressão de piedade de si mesmo. Passou por ele um carro preto, e o jovem prometeu que se logo mais passasse um vermelho, enxugaria as lágrimas e iria para casa. Passou um prata e ele voltou a chorar dentro de si. Sozinho... Aquele cara está sozinho. Pegou a garrafa de vodka dentro da mochila e deu um gole de amargura. Vodka pura. Arrepiou-se. Bebia de quando em quando, chorava e penava pelo seu eu. – Também quero ter, e ser, e querer, e amar! – Parecia gritar. Inclusive, achou que tivesse gritado. Sua boca nem mesmo abrira. Estava mudo em tristeza, calado em desamor.

O jovem, pouco trabalhado na arte do emocional e da escrita, garoto objetivo; pegou seu caderno e sua caneta, respirou fundo, e no papel rabiscou dois versos simples.

“Aqui jaz, descontente,

um amante do poente.”