Obs. inicial: O que se segue a seguir foi a primeira crônica escrita para um livro sobre a Asa Norte.
Este aqui faz-se o primeiro por ser especial em um particular tão íntimo
que agora vira do mundo para quem quiser ver e se fazer especial também.
Passa-se na 215 e quem o vive é apenas um rapaz; rapaz esse um tanto desgostoso
de amores e pessoas... A poesia, de certo, não lhe servia de maneira alguma.
Rapaz esse que tem por volta de seus dezoito anos e por agora – e pelo resto da
história – não tem um nome, e nem mesmo um rosto. Rapaz esse que, como já foi
dito e agora com carinho eu repito, é apenas um rapaz. O jovem da 215 norte.
“Aquele cara”, “o garotão”, ele é esse mundo de pronomes, substantivos e
adjetivos equivalentes a ele mesmo.
O rapaz chora, copiosa e ruidosamente, sentado no gramado ao lado do
parquinho. São duas e meia da manhã e ele lá se encontra desde as duas e
quinze, em prantos sem destino. O sentido, por hora, se perdera por inteiro.
Aquela bobagem de sentir coisa alguma já não lhe convinha. Abraçava-se à
própria mochila com uma expressão de piedade de si mesmo. Passou por ele um
carro preto, e o jovem prometeu que se logo mais passasse um vermelho,
enxugaria as lágrimas e iria para casa. Passou um prata e ele voltou a chorar
dentro de si. Sozinho... Aquele cara
está sozinho. Pegou a garrafa de vodka dentro da mochila e deu um gole de
amargura. Vodka pura. Arrepiou-se. Bebia de quando em quando, chorava e penava
pelo seu eu. – Também quero ter, e ser, e querer, e amar! – Parecia gritar.
Inclusive, achou que tivesse gritado. Sua boca nem mesmo abrira. Estava mudo em
tristeza, calado em desamor.
O jovem, pouco trabalhado na arte do emocional e da escrita, garoto
objetivo; pegou seu caderno e sua caneta, respirou fundo, e no papel rabiscou
dois versos simples.
“Aqui
jaz, descontente,
um
amante do poente.”