Recita-me aqueles versos, aqueles que em tua memória tão frescos estão a clamar por seu uso. Canta-me aquela música, a do trecho corrompido como todos nós que também o somos. Liberta da tua mente os montes instigantes que abrigam os monstros da criatividade elevada, cortada e misturada, como a própria gente de hoje. Dança os passos de teu coreógrafo preferido com todo o ardor da última dança. Espanta tu a mim e vive sozinha em claro egoísmo e despreocupação, jogando toda a culpa que tiveste em meus ríspidos e amadurecidos ombros.
Oh, pobre de ti, jovem sem tuas próprias ideias, sentada sobre outras pernas, a poetas cantarolar. Oh, pobre de ti, ex-criança em tua mais pura essência, perdendo toda a inocência, a teus novos caminhos trilhar. Oh, pobre de mim, que diferente de ti, pouco e meramente vivi. Perdoas fácil aos meus insultos e agora a abraçar-me choras, esperando a recíproca amorosidade já não existente.
Em tuas tatuagens, duas luas e dois sóis sobrepostos, erguendo-se da montanha perdida dos sonhos impossíveis. Teus sonhos. Antigos e belos sonhos. Foge para eles e delicia-te com tuas jornadas de cometa, antes que ele caia na realidade fria e dura de meu mundo.
Em teus cabelos cor de violeta, vejo o fim da ingenuidade, o início da descoberta sobre o outro e a vontade de partir e aventurar-te em camas alheias. Para e pensa, olha em meus olhos e fica aqui. A idade é a mesma, mas estou tão mais avançado. Perca-te para sempre nesta jovialidade que a mim fora tão cedo censurada e mostra-me novamente a alegria de ter-te em meus braços.