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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Juventude em ruínas.



Recita-me aqueles versos, aqueles que em tua memória tão frescos estão a clamar por seu uso. Canta-me aquela música, a do trecho corrompido como todos nós que também o somos. Liberta da tua mente os montes instigantes que abrigam os monstros da criatividade elevada, cortada e misturada, como a própria gente de hoje. Dança os passos de teu coreógrafo preferido com todo o ardor da última dança. Espanta tu a mim e vive sozinha em claro egoísmo e despreocupação, jogando toda a culpa que tiveste em meus ríspidos e amadurecidos ombros.

Oh, pobre de ti, jovem sem tuas próprias ideias, sentada sobre outras pernas, a poetas cantarolar. Oh, pobre de ti, ex-criança em tua mais pura essência, perdendo toda a inocência, a teus novos caminhos trilhar. Oh, pobre de mim, que diferente de ti, pouco e meramente vivi. Perdoas fácil aos meus insultos e agora a abraçar-me choras, esperando a recíproca amorosidade já não existente. 

Em tuas tatuagens, duas luas e dois sóis sobrepostos, erguendo-se da montanha perdida dos sonhos impossíveis. Teus sonhos. Antigos e belos sonhos. Foge para eles e delicia-te com tuas jornadas de cometa, antes que ele caia na realidade fria e dura de meu mundo. 

Em teus cabelos cor de violeta, vejo o fim da ingenuidade, o início da descoberta sobre o outro e a vontade de partir e aventurar-te em camas alheias. Para e pensa, olha em meus olhos e fica aqui. A idade é a mesma, mas estou tão mais avançado. Perca-te para sempre nesta jovialidade que a mim fora tão cedo censurada e mostra-me novamente a alegria de ter-te em meus braços.

domingo, 22 de agosto de 2010

Psicologia solitária I

Eu estou aqui, diante de você, tentando expressar tudo o que me vem à cabeça. Mas as palavras chegam soltas, sem qualquer sentido, e é por isso que fico tanto tempo em silêncio, tentando reconciliá-las em uma só frase, ou pelo menos expressão. Parece que me conhece mais do que eu mesma com essa sua face esclarecida. Eu não gosto disso, nem um pouco na verdade. Ninguém deveria me entender, a não ser eu mesma... Ah! Então é isso? Não? Por que fica aí acenando com a cabeça? Presta atenção no que digo, por favor. Obrigada. E agora? Que foi? O que você está escrevendo aí nesse seu caderninho? Se for comportamento agressivo eu até entendo... Não que eu seja agressiva, mas aparento muito. Na verdade, talvez eu seja sim. Bem, socar as pessoas não é algo normal, é? É? Ah, então não sou agressiva. Ah! Você estava concordando só por concordar?

Silêncio... Pode comentar. Não? É para eu falar mais? Ahn, okay. Eu estou tentando me encontrar, pois é. Só que parece cada vez mais difícil. Eu não sei quais minhas características marcantes, e diferenciá-las das insignificantes é uma tarefa muito árdua para mim. Posso ser sincera? Eu não acredito muito na sua profissão. Digo, se nem eu mesma consigo dizer quem sou eu, como você que só me conhece do que falo – e olha que posso estar mentindo – poderá dizer? Está aqui só para ajudar... Entendo. Tenho amigos que dariam ótimos psicólogos. Mas acho que todo mundo tem amigos assim, não é? 

Todo mundo. É como eu me sinto às vezes, como todo mundo. Eu quero ser diferente, quero ter algo só meu, mas nunca acontece... Ou pelo menos parece que nunca acontece. E aí eu fico meio deprimida, para baixo, pensando que se eu fizer algo extremamente doentio, alguém vai fazer também, porque eu na verdade não sou única. Não diga que sou, é mentira. Já disse para não dizer! Ninguém é de fato único, pelo menos uma característica da pessoa é copiada por outra. É, você está certo... O conjunto das características sempre se difere. Ainda assim acho que não faço nada de especial.

Que expressão é essa? Essa no seu rosto. Não é mais de esclarecimento... Parece de assombro. Espantou-se com o que penso de fato, foi? Muitas pessoas o fazem, mas eu não esperava isso de você. Eu sei que... Não, eu entendo que é complexo. Saber eu não sei de fato. Eu não sei de nada. Platão, não é? Só sei que nada sei. Mas no fim, só estou aqui divagando. Você deve apenas fazer parte da minha mente. Não, você não é real. Não é. Não. Olhe para mim. Você é só meu reflexo no espelho, não percebe? Vou-me agora. Até a próxima troca de roupas. 

Sem necessidade de título.

Canta-me com tua voz melancólica
Toca-me a gaita da nostalgia
Faça chorar o violão de tua realidade

Em tua música vejo-te implícito
Caminhas pela partitura de teus desejos
Procuras algo surpreendente e não achas

Levanta-te desse chão frio
Toma teu café,
Teu leite com vodka
Esquece das visitas

Essa tua vontade de socar a parede
De matar a ti mesmo
Esquece isto e canta.

Canta-me com tua voz aliviada
Toca-me a gaita sem desespero
Faça gargalhar o violão de teus sonhos


(13/08/10) - Ninna Abreu

Um tempo depois...


Sim, eu fiquei ausente por muito tempo. E não vou mentir, foi por falta de vontade e criatividade mesmo. Mas aqui estou eu, sem muitas novidades e cheia de decepções. A escola anda bem, para quem quer saber... Os amigos também, apesar de não ter mantido contato com alguns deles da forma que eu gostaria. Tenho lido alguns poucos livros, me apaixonado por José Saramago (foto) e Lygia Fagundes Telles, construído paredes ao redor de mim.


Perdi amizades significativas para mim e me vi cercada de novas pessoas maravilhosas. De qualquer forma, não há muito o que comentar. Então só uma reapresentação minha, ou melhor: uma apresentação sobre a nova eu. Soou muito idiota isso, ai que absurdo. O drama em pessoa, palavras sem sentimento, paradoxos e hipérboles... Essa sou eu.

Se você acompanha esse blog, você é único, e notará que meus textos mudaram um pouco. Se não atingiram a maturidade, logo atingirão.

Bom dia, boa tarde, boa noite.